quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sobre o poder do humor

O humor pode levantar ou devastar um ser humano num intervalo ínfimo de tempo. Mas eu me questiono: o que faz alguém ficar muito lá no alto ou lááá embaixo, na corda bamba entre euforia e depressão?

Há seis meses meu pai saía da UTI após passar um mês lá. Uma superdosagem de haldol fez com que ele não conseguisse sequer abrir a boca para beber água e, por isso, teve de ser internado. Na enfermaria do hospital não teve os cuidados necessários e depois de dois dias em casa regressou à UTI.

De volta para casa, ficou em uma cama hospitalar, comendo comidas líquidas, de canudinho, porque não conseguia mastigar. Perdeu dois dentes enquanto estava na UTI. Os movimentos das pernas também se foram, o que fez com que precisasse da cadeira de rodas por um período. Usou fraldas geriátricas, sofreu diariamente sendo submetido a  curativos em escaras enormes que se formaram em seu corpo enquanto estava no hospital. Eu e meu irmão parecíamos duas crianças indefesas caindo no choro quando nos deparamos com aquela situação. Mas algo ali era bizarro: meu pai sapateava na nossa cara com o seu bom humor. Tudo virava piada. Ele fazia qualquer visita sair de sua casa rindo com as bobagens que falava.

O tempo passou, com a fisioterapia ele conseguiu se locomover com a ajuda de um andador, até que agora é capaz de caminhar por um trajeto razoável sem precisar se escorar em nada. Colocou novos dentes, pode comer um peixe na beira da praia ouvindo músicas que o agradam - seu programa favorito desde que me entendo por gente - as escaras estão 90% cicatrizadas, já dorme em sua cama, aposentou a cadeira de rodas, mas não abre a boca para nada. Só consegue dizer "estou morrendo".

Peraí. Que porra é essa? Até outro dia você não andava, não comia, sua vida estava uma merda e você sorria. Aos 69 anos você teve força para se recuperar, consegue de volta suas funções primordiais e diz que está morto? Como isso é possível?

Minha madrasta afirma que ele está assim desde janeiro quando soube da morte da prima que não se curou de um câncer. E me lembro de um luto - já vivi e sei o quanto a morte física do outro pode nos ocasionar uma morte temporária em vida. Não há remédio - para mim não teve - que cure naquele instante a dor profunda e a vontade de não fazer nada - só desejar o fim. Não existiu para mim nenhuma pílula que dissipasse aquela dor. E é justamente a ausência de um pó mágico para desfazer as perdas - as dores profundas, o emplastro Brás Cubas de Machado - que me sinto nua, completamente impotente, sem capacidade de ajudar ou modificar essa situação.

Cada um de nós precisa de um tempo necessário que é só nosso para viver - digerir, sentir, refletir - o que for. É descompassado, não segue o ritmo de ninguém. Não é uma banda, é um solo. É um lamento de um cavaquinho, que é bonito, mas não tem o violão de sete cordas para transformar o bonito em belo. É triste, difícil de aceitar, mas necessário.

Talvez eu nunca entenda como lidamos com o humor. Em menor e maior escala. No que se é dito patológico e o que no que se diz cotidiano. Mas que ele é uma força poderosa, para o bem e para o mal, isso eu não posso negar.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

1ª grande provação

Nesta primeira grande provação em SP chamada carnaval com trabalho (leia-se sem blocos e sem Avenida - mesmo que cobrindo), acompanho a folia de longe; porém em tempo real e quase integral.

Tudo bem, não faz mal, faz parte das escolhas. Apenas penso que nenhum enredo até agora superou aquele da Vila Isabel em 2013 (no meu coração).

Vila, chão da poesia, celeiro de bamba.

http://musica.com.br/artistas/unidos-de-vila-isabel/m/samba-enredo-2013-a-vila-canta-o-brasil-celeiro-do-mundo/letra.html

Saudade, Martinho. Saudade, Sabrina. Saudade, Sapucaí.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Brincadeiras à parte

Brincadeiras à parte com as divergências linguísticas entre Rio e SP - no penúltimo post - tenho que fazer uma anotação simbólica: achei que num lugar cheio como o metrô nunca pudesse fidelizar uma relação. Ledo engano. Hoje a moça que sempre me vende pão de queijo e gatorade na estação Paulista me perguntou: "vai querer a sua cota diária?". Hahaha Achei ótimo.

De volta ao eixo

Mercúrio está de volta ao eixo. Pena que é só mercúrio. Brinks. Que nesse tempo breve até maio - quando ele e os que pedem o impeachment voltam a ficar retrógrados - consigamos ter sanidade no que diz respeito à comunicação. Menos ruído.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Aprendendo paulistês: lista in progress de vocábulos


Paulistanos são criaturas educadas até na hora de xingar. Notem vocês que o nosso o usual porra - que em carioquêix pode ser uma interjeição antes de uma frase, ter a função de vírgula, ou a finalização de uma oração (ou cumprir todas essas funções numa mesma oração, já que usamos tranqüilamente quatro porras em uma frase de 10 palavras) - para os nascidos na terra outrora da garoa a nobre palavra é amenizada para um Orra. Escrevo assim com O maiúsculo para que não fique pedra sobre pedra. Que o leitor não ache que esqueci do pobre p. Não. É assim mesmo.

Vejam vocês. As questões linguísticas não se encerram aí. O nosso 'obrigada você' ou 'eu que agradeço' aqui se torna 'obrigado eu'. Até aí os vocábulos têm muita polidez.

Mas a coisa se complica quando o sujeito diz que 'de sexta' não se manda e-mail de relatório.

A nossa boa e velha marola - aquele cheiro que brota no posto 9 quando o colega do lado acende um baseado - aqui é marofa. Tenho a impressão de que algum paulistano foi no nove, fumou um, entendeu a palavra errada e trouxe a gíria um pouco modificada.

Não vou entrar no mérito de biscoito ou bolacha. Foi uma promessa que fiz antes de me mudar. Acontecesse o que acontecesse, eu não iria entrar nessa discussão. Afinal, no pacote vem escrito biscoito e bolacha é aquilo que se dá na cara de alguém quando se quer ser polido. Porque claro, quando estamos falando de carioquices, você diz que alguém deu uma porrada em outro alguém. Porque somos assim: fofos.

Fulano comeu bola no nosso dicionário é fulano deu mole, mandou mal, deixou passar a informação. "Pô, cara, foi mal, dei mole", seria o carioca. "Meu, presta atenção, cê tá comendo bola aí", seria o paulistano.

Aqui ouvir que a "repórter é boa" é só um elogio profissional. Diferente do Rio que temos a "repórter boa" e a "boa repórter", visto que qualquer ambiente de trabalho se torna uma borracharia quando há mais de dois homens héteros presentes.

Esta lista é in progress e será atualizada conformes novos vocábulos aparecerem.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Orange is the new black

Ao matar a saudade de Orange is The New Black reforço a única certeza que tive até hoje na vida: Alex Vause vira a cabeça de qualquer - repito q u a l q u e r - mulher.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Brainstorm ou toró de parpite

Toró de parpite com meu consultor de assuntos gerais Roger Modkovski:
"A vida é um pêndulo oscilando entre as reclamações da chuva e da falta de chuva" (Arthur Schovenhauer)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Parafraseando...

Parafraseando Modkovski que por sua vez parafraseia Schopenhauer: "a vida é um pêndulo entre mercúrio retrógrado e mercúrio no eixo".