sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O barbeador foi caindo...

Hoje, encontrei Cris, uma amiga que tem uma filha de oito anos. Por coincidência, a pequena também se chama Isabela.
Cris me contou entusiasmada que ontem estava no engarrafamento a caminho de casa quando seu marido ligou perguntando se ela ia demorar a chegar. Ela, certa da impresivibilidade de sua resposta, ficou apreensiva com o que poderia estar acontecendo do outro lado da linha, já que aquele tipo de telefonema no fim do dia era incomum.
Seu marido, então, contou que Isabela chorava sem parar e o impedia de se aproximar dela para contar o que havia acontecido. Pois bem, ele desligou o telefone diante da resposta incerta de Cris.
Um pouco depois, a própria Isabela ligou para Cris, e, soluçando dizia que precisava muito da mãe, o que deixou a pobre genitora muito aflita.
Ao chegar em casa, Isabela sofreu uma espécie de sabatina:
- Você quebrou alguma coisa minha? Falou o que não devia para alguém? Fez alguma besteira?
Enquanto isso, Isabela apenas balançava a cabeça negando cada pergunta e soluçava. A mãe já meio impaciente, num desespero contido perguntou com paciência:
- Então o que que aconteceu, minha filha?
- Sabe o que que foi mãe? – soluçava – Eu fui pegar a escova de dente no armário e o barbeador caiu na minha perna e foi raspando.
Cris, respirando mais aliviada, achou o fato engraçado, mas conteve o riso e indagou:
- Caiu e raspou? As duas pernas?
- É mãe, ele foi caindo, caindo e raspando...
Depois de dizer que não gostaria que Isabela deixasse o barbeador cair em suas pernas e que as rapasse novamente, Cris foi pro quarto e riu.


Precisava contar essa história, porque lembrei de tantas delas que eu contava na infância para minha mãe para disfarçar alguma besteira que eu tinha feito. O mais interessante de tudo isso, é a gente achar, quando tem essa idade (ou talvez não só nessa idade), que os outros vão acreditar nas nossas palavras mirabolantes. Fico pensando quantas vezes minha mãe me enganou dizendo que acreditava no que eu falava, e eu, me achando vitoriosa, comemorava.

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