sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O que não tem remédio, nem nunca terá

Seu Zé tinha uma televisãozinha. Era quase uma debutante a mocinha. Ela acompanhava seu Zé desde o tempo em que fora contratado para trabalhar no prédio número 45 da Rua Álvaro de Campos. Já tinha passado alguns perrengues com ela. O botão de liga e desliga quebrou. Seu Zé conseguiu comprar no camelô um controle remoto que conseguia suprir a função perdida. Teve época em que as imagens viviam desajustadas. Chamou o reparo e ficou tudo bem. Teve problemas com a antena. Comprou outra. E assim foi levando até que um dia queimou o tubo de imagem.

Carlos, seu conhecido da loja de reparos em eletroeletrônicos foi categórico: “Olha, seu Zé, não tem mais jeito. O negócio é comprar outra”.

Felipe, morador do nono andar, que gostava de papear com seu Zé. Chegando esbaforido da rua, ele que tinha um pouco mais de idade que a TV, quase não reparou na novidade. Olhou de relance e indagou: “Ué, seu Zé, tá de televisão nova?”

- É, meu filho, a outra estragou. Mas é assim mesmo. Quando as coisas não têm mais conserto, a gente é obrigado a conseguir algo melhor.

Felipe, que apesar da pouca idade era músico, dono de uma sensibilidade além do comum, entendeu a sabedoria de seu Zé. E resolveu aplicar em seu namoro, tão capenga que o obrigava a enxergar que não tinha mais conserto.

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