
Eu fiz um “Ah!”, com uma cara de satisfação por ter aprendido uma palavra nova. Aceitei a explicação sem maiores detalhes. Mas o fato é que eu não sabia o quanto aquela palavrinha faria parte da minha vida.
Sempre tive uma fixação incomum pela lua. Seus formatos, sua luminosidade... Os dias em que fica encoberta pelas nuvens, parecendo fosca e sufocada por elas, me chamam ainda mais a atenção. E quando é lua cheia algo acontece no meu peito. É como Caetano na Ipiranga com a São João. Para os crentes na astrologia, isso tem explicação. A lua rege o meu signo, que é de água, carregando ainda mais na emoção.
A expressão “de lua”, que se refere a quem muda de humor como mudam as fases da lua, também se aplica neste caso. Parece uma avalanche sentimental a cada crescer e decrescer. Deve ser a crença nesses “mitos” que faz com que a coisa de fato aconteça.
Certo dia ouvi uma fulana dizer: “Ah, canceriana? Cancerianos são lunáticos." Disse isso um tom sério. Um amigo, para me sacanear, emendou: “Ô, e como são...” Ela, séria, argumentou que sim, éramos lunáticos, porque éramos regidos pela lua. Eu ri internamente, como se toda a minha cadeia de pensamentos fizesse sentido. Ser de lua, lunático, mudar como as fases da lua. Voltei no tempo e lembrei da definição de minha prima: me enquadrei na categoria estabelecida por ela. Sem nenhuma necessidade, é verdade. Enquadramentos são tão medíocres quanto a própria existência por si só. Mas embalada pelo aval de Cazuza – que suplica piedade aos que não mudam quando é lua cheia, achei conveniente me enquadrar.
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