domingo, 15 de janeiro de 2012

Pablo, qual é a música?


Dos sonhos mais cafonas que tive, há um que a falta de vergonha me deixa compartilhar: tinha um desejo maluco de ir no Qual é a música?

O programa comandado pelo lendário Silvio Santos em seu canal, o SBT, tinha a minha audiência assídua. A competição, que teve origem nos anos 70 e após um intervalo nos anos 90 retornou em 99, recebia 3 artistas do sexo feminino e três do masculino. Entre as provas, os artistas tinham que acertar detalhes sobre a música como trechos da letra, quem cantava e etc. Quando erravam, a chance de corrigí-los ia para a plateia, que, ao acertar, recebia um faz-me-rir do tio Patinhas da TV brasileira.

O meu sonho besta se dava porque eu acompanhava freneticamente as músicas. Na maior parte das vezes acertava, deitada no sofá, as perguntas feitas ao artistas. Lembro que meu pai morria de rir de mim quando eu xingava os participantes de burros ao errarem um pedaço da letra ou o nome do intérprete.

Mas a minha vibração e envolvimento (eu levava a sério aquela competição por se tratar de música) caía por terra com a figura dos dubladores. Embora tenha formado o meu caráter musical eclético (duvidoso para muitos), o "Qual é a música?" inspirava em mim certa crítica e ironia. Explico: figuras toscas como o Pablo, um dos dubladores que ficou conhecido pelo bordão hilário de Silvio Santos "Pablo, qual é a música?" foram os responsáveis por esse misto de sentimentos em relação ao programa. O suejito, que dublava as canções fazendo caras e bocas para ginástica facial nenhuma botar defeito, tinha cara de mulher, usava uma peruca, possuía algo no rosto, que eu até hoje não sei se era uma tatuagem ou uma pintura. Hoje acho o Pablo uma figura artística curiosa. E nunca ouvi falar nada sobre ele além de sua ocupação nos palcos do SBT. Também não sei que fim teve.

No carnaval de 2011 eu tive um "recordar é viver" divertido. Vestida com a minha fantasia de repórter da Rede Globo - aparato que já me rendeu momentos engraçadíssimos desde o carnaval de 2009, quando herdei o microfone com o símbolo da emissora e o fone de ouvidos fabricados por meu irmão, Kleber - dei de cara com um folião fantasiado de Pablo no Cordão do Boitatá, na Praça XV.

Todas essas lembranças vieram à tona quano navegando por esse mar infinito que é a internet, li um texto do Eandro Mesquita em que ele mencionava alguns programas de TV sobre música nos anos 60 e 70. Descobri o Esta Noite se Improvisa e o Fino da Bossa, os quais não assisti na época, mas graças ao youtube estou em tempo de me
colocar a par.

É evidente e indiscutível a diferença de qualidade entre o Qual é a música e os citados por Mesquita. Mas ainda assim é divertido relebrar os meus domingos com Silvio Santos e a bagunça musical que eu me transformei com aquelas referências. Saudade de sacanear o Pablo e de torcer, como que para um time de futebol, para os artistas acertarem as letras da música.

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