quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Não se vive sem trilha sonora

Faz um tempo. Não me lembro quanto. Só sei que foi num desses dias em que se chega sorridente e cantarolando - a canção eu poderia chutar que era do Chico ou de algum outro romântico, não sei precisar qual - e respondi ao interlocutor que me indagava o porquê da cantoria àquela hora do dia.

"Não se vive uma paixão sem trilha sonora", eu disse entre o refrão, abrir a porta do elevador e subir terminando os outros versos da canção. Foi uma dessas respostas categóricas que gosto de dar, sempre com um sorriso finalizando a frase. Quase como se tivesse terminado a fala com um "obrigada pela pergunta".

Ela me cabia naquele momento perfeitamente. Mas a verdade, acordei com mais certeza hoje, é que não se vive sem trilha sonora e ponto. Para o amor - e também ao desamor - há sempre uma música pro coração.

Tem as de angústia, as de esperança, as de alegria gratuita, as solenes, as dançantes e as que fazem chorar tamanha a força com que nos tocam. Há sempre a chance de encontrar uma canção que diga exatamente o que você está sentindo naquele exato momento.

Também existem aquelas que você sempre ouviu com determinado cantor e nunca deu a menor bola. Até que vem alguém, tipo Bethânia em Pra Rua Me Levar, e te faz mudar completamente de ideia sobre aquela canção.

Sempre que possível repito para alguém que "a formiga só trabalha porque não sabe cantar". Uma espécie de protesto ao meu desafino, baseada em Raul. Mas certa vez me responderam: "ouvir também é uma arte". Então sigo ouvindo.

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