sábado, 20 de setembro de 2014

Sobre esse lance de não existir amor em SP

Olha, pode até ser leviano de minha parte querer discorrer sobre a máxima de Criolo com tão pouco tempo de vivência in loco. Mas se de fato não existe amor em SP - ainda vou descobrir - posso dizer que há muita gentileza na rua.

Num mesmo dia em que quis experimentar fazer o trajeto de casa até o trabalho de ônibus - e não de metrô como havia fazendo - encontrei delicadeza na ida e na volta.

Para ir, me preocupei se tinha o número certo da condução e comecei a perguntar no ponto. Ao que um rapaz simpático me disse que pegaria aquele ônibus, que eu não me preocupasse porque em cinco minutos ele passaria ali. Perguntou para onde eu iria e me disse quanto tempo eu levaria para chegar até lá. Uma senhora - de cabelos brancos assumidos e nem por isso sem perder a aparência jovial - cochichou no meu ouvido que o rapaz era uma graça e -vejam só - combinava comigo! Ri um riso amarelo e pensei cá com os meus botões na pataquada que acabara de ouvir, mas achei fofa a tentativa de cupido da jovem senhora.

Já na volta, aguardava o mesmo ônibus em um ponto sem muita iluminação. Eis que um casal de rapazes passa por mim e um deles me diz que não era bom eu ficar sozinha ali e que, pronto, tinham decidido, iriam comigo até o ponto mais iluminado da rua e depois voltariam para a lanchonete onde desejavam comer. E assim o fizeram.

Uma outra coisa me chamou a atenção. As pessoas aqui se desculpam por gestos que - é, realmente, a gente deveria se desculpar por eles - não é normal fazê-lo. Ontem mesmo uma moça que mora aqui no prédio se desculpou por não ter segurado a porta do elevador para mim porque não tinha me visto chegar.

À parte o fato de que fui gentilmente recebida por dois amigos queridos em sua casa desde que cheguei à terra da garoa e, desde então busco um lar, só encontro mais razões para achar que pode sim existir amor em SP. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário