Estranhas são as entranhas
que são tão familiares
insuportavelmente nossas
que se fossem pelos ares
aliviariam essa joça
Estranhas são as entranhas
que são tão irregulares
ora assim, ora assado
demasiadamente bipolares
fundem presente e passado
Estranhas são as entranhas
que gritam em meus ouvidos
ora anjo, ora diabo
a ruptura e o proibido
entre sina e inusitado
Estranhas são as entranhas
que confundem os sentidos
com meias finas se apresentam
te oferecem um vinho seco
e de ressaca te arrebenta
Estranhas são as entranhas
que bestialmente oscilam
sãos se tornam insanos
os firmes vacilam
pra vestirem-se humanos
Estranhas são as entranhas
que fatalmente te incitam
à covardia cotidiana
de não poder vestir a roupa
de uma vida mais humana
Estranhas são as entranhas
que uma hora te dão direito
de poder estufar o peito
e num girar de ponteiro
te revelam um defeito
Estranhas são as entranhas
que se aqui te sabotam
ali os fantasmas enxotam
fazendo crer que a vida é uma festa
e que vivê-la é o que nos resta
Estranhas são as entranhas
que te levam a loucura
numa angústia desmedida
de pensar se se tem cura
dessa coisa chamada vida
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