quarta-feira, 9 de maio de 2012

O dia em que tietei Karina Burh

A primeira vez que ouvi falar em Karina Burh foi através de umas amigas; elas tinham visto a pernambucana abrindo um show do Arnaldo Antunes no Circo Voador. Pela descrição, torci o nariz. Sua atuação me soou muito performática, com muita afetação. Deixei o preconceito de lado e parti para o principal: sua música. Algo me chamou a atenção ali. Gosto de algumas cantoras brasileiras atuais e acho sim que tem gente por aí fazendo coisa bacana.

No geral elas têm timbres bonitos, vozes suaves e músicas agradáveis. Mas nada que me atentasse para o quesito originalidade. O fato é que muitas vezes a técnica se sobrepõe a qualquer outro fator, como é o caso da também pernambucana Roberta Sá, dona de uma voz linda, mas sem molho nenhum no ao vivo. Thaís Gulin também tem uma voz bacana, mas não me passou muita emoção no seu ao vivo que assisti.

É lógico que são estilos distintos. Mas Karina Burh tem algo que desliza, O tal do óleo que insisto nesse blog. Parece uma explosão. No seu show no Studio RJ na última sexta-feira ela cantava acompanhada de uma banda muito bem produzida e arranjada. Juntou-se a isso a singularidade performática, além de suas letras pouco convencionais e ácidas e podemos assistir um show contagiante que levantou a casa lotada.

Algo ali aconteceu. Senti uma onda tão boa (não, não tinha ingerido nada) e, por isso, encasquetei de falar com ela. Passaram uns músicos de um lado para o outro, fiquei tímida e deixei pra lá. Mas como a sorte estava do meu lado, na hora de ir embora encontrei Karina e sua trupe aguardando um táxi. Num ímpeto de falta de vergonha na cara, fui até ela. Aquela mulher que se enrola no fio do microfone, grita e canta de forma performática, me recebeu timidamente.

Quando perguntei se poderia falar come la, respondeu um "lógico" olhando para baixo, correspondendo em seguida o meu abraço. Sem graça e nervosa, falei que o trabalho dela era muito legal e saí logo dali antes que morrêssemos as duas de vergonha.Aquela euforia me provocou uma indagação: porque paguei de groupie?

Ora, fácil. A singularidade de Karina me encantou. Sua coragem em defender um estilo próprio, com sua música original e sarcástica, atrelada a sua característica tímida me indicaram que seu barato é o prazer pelo que faz e não somente o reconhecimento. Motivos suficientes para que eu perdoasse minha tietagem.

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