A primeira vez que tive contato com essa frase foi na faculdade. O professor de Técnicas de Reportagem sempre contava uma historinha e perguntava pra turma:
"qual é o lide?". E lá íamos nós testar nosso senso de critério sobre o que é mais importante num fato. O que, onde, quando, porquê e, em determinados casos, quanto.
Era só o início do convívio diário com essas cinco palavrinhas/perguntinhas.
Depois, quando se é foca, ouve-se muito no começo: tá, mas qual é o lide? E, por fim, depois de alguns dias como foca você nunca mais ouve essa pergunta. Simplesmente porque o modo mais fofo como vão te sinalizar sobre isso é dizendo que o lide está no pé. Ou você aprende a se apressar em dizer o que é o lide ou está frito...
Passa-se o tempo e "qual é o lide, Pablo?" é sempre a pergunta feita pelos coleguinhas - que é como tratamos não-tão-carinhosamente-assim os companheiros de profissão. Após uma coletiva, um confere o lide do outro não só para saber se o senso de critério de todo mundo está em dia, mas principalmente para garantir que o chefe não pergunte depois porque cargas d´águas o veículo tal está publicando uma coisa e você está informando outra como a mais importante.
Mas nunca se ouve tanto "quero lides" quanto dos amigos jornalistas. Dos mais próximos, claro. E não, eles não querem saber se as aspas principais da Dilma são essas ou aquelas. Eles querem lides sobre as notícias da sua vida. Mas é diante desta ânsia por novidade que percebemos o quanto a gente se sente na obrigação de todo dia ter uma pauta, e se possível - que ela dê chamada na
globo.com. Só que as nossas vidas não são jornais e não somos obrigados e ter novidades quentes diariamente, mesmo que a gente se sinta com esta necessidade.
Trabalhar com internet faz com que essa sede por novidade seja ainda maior. E ao trazer isso para nossas vidas, tendemos a uma grande frustração por não ter sempre um bom lide. Uma vida pode ser intensa - e acho isso ótimo - mas é perturbador pensar em ter que ter uma nova manchete a casa três horas.
Depois de pensar muito sobre isso, tem sido bom descobrir que é possível estabelecer uma rotina e não me sentir na obrigação em ganhar chamadas na home da minha vida. A audiência - aqui - não é uma necessidade, não se sobrevive dela.
Para repensar essas relações com lides ou chamadas da vida, exposição, frustrações, mundo editado, dores e delícias de sermos o que somos - caetaneando para não perder o costume - dei um tempo das redes, sobretudo do facebook. Trabalhar com isso, ficar pendurada muitas horas ali, me fez me sentir improdutiva e mexeu com muitas emoções. Vou aprender a lidar com isso melhor, enquanto isso não acontece, deixo aqui no blog a parte boa das redes que é compartilhar.
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