sábado, 14 de abril de 2012

Assobiar e fumar canna(bis)

Sempre ouvi um papo de que maconheiro é parceiro. A primeira vez que essa “lenda” apareceu nos meus ouvidos foi contada através de um amigo da escola que me dizia de modo engraçado o poder de socialização da cannabis. Entre os impropérios – era só o que eu conseguia considerar ao ouvi-lo falar – estava o fato de que todo mundo compartilha a erva e tenta livrar a cara do amigo-companheiro-de-fumo quando este se encontra em apuros.

Todo esse blá-blá-blá me veio à cabeça depois de uma cena memorável na Praia de Ipanema, mais precisamente ali no nove e meio. Virada de frente pro sol, nem tão perto da praia que a onda chegasse a molhar meus pés, nem tão longe que eu não pudesse levar uma bolada caso os peladeiros exagerassem a mão (ops, o pé), à minha esquerda não precisava forçar uma inspiração para sentir uma marolinha adentrando as narinas. Nem dez minutos depois, um menino de boné e bermuda se aproximou da gente para perguntar se tínhamos seda.

Não demorou muito após a nossa negativa para que um assobio intenso tomasse conta da praia. O meu relaxamento oriundo do banho de mar quase que não se preocupou com o acontecimento não fosse o comentário da minha amiga: “Essa camaradagem entre os maconheiros é muito engraçada”. Aquela conversa no pátio da escola veio à tona naquele instante seguida da minha indagação: “Por que? É um aviso?” Ao passo que ela me respondeu que o ato indicava a Polícia chegando.

Logo em seguida o assobio deu lugar a uma vaia alta, em coro, por uma praia liberal que se opunha a plenos pulmões à dura em pleno Posto 9. Com o perdão da plenitude. E como se nada acontecesse a cem metros de nós, um fulano à minha esquerda (um outro) apertava o seu beque na maior tranquilidade.
O sol já tinha ido embora e a fome (não a larica, no nosso caso) batia. Mais à frente, enquanto batíamos a areia para ir embora, vimos o policial falando: “cê tá na praia, vem uma senhora com os filhos pequenos e têm que ficar vendo você fumando?!”. Na mesma hora passou um casal e a mulher, rindo, comentou: “tão dando dura aqui?! Vão ter que prender a praia inteira então”. E gargalhou galhofeira. Eu embarquei na canastrice e ri também, ali, na cara dos policiais. Ora porra. A Polícia “invadir” o 9 em busca de “cannabizeiros” é o mesmo que a Santidade querer se aboletar na Augusta com suas putas faraônicas. Só pode ser piada.

Nesse ínterim, não me dei conta se havia um outro carro e se o “companheiro” que levou a prensa tinha sido ou não levado pelos “homi”. O fato é que se essa fosse a intenção dos homens da lei, ia faltar camburão pra tanto consumidor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário