quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Inveja do cigarro

Eu já tentei. Não tive sucesso. No dia seguinte a garganta ficava seca, na hora as mãos ficavam fedorentas e o tal prazer eu não encontrei. Não tinha muita habilidade, é verdade. Hoje fico incomodada se alguém lança uma baforada na minha cara. E não há nada no mundo que tire mais o meu humor - além de acordar cedo - como sentir a fumaça de alguém fumando pela manhã do meu lado. Não sei se esse lance de ser de manhã é psicológico ou porque ainda estou de mau humor por ser antes do meio-dia.

Mas o fato é que mesmo com todas essas ressalvas que fiz questão de antecipar, não posso negar: tenho uma inveja descomunal de quem fuma.

É evidente que eu sei de todos os malefícios e já perdi um avô e um tio com câncer de pulmão. Mas o cerne de minha inveja é tocado quando ouço um:"vou ali embaixo dar uma relaxada e fumar um cigarrinho".

Acho de uma beleza sem igual quando alguém se dá aquele prazer no meio do dia, do trabalho ou de qualquer outra atividade.

Parece que nada é mais importante do que seu próprio prazer.

Tudo pode esperar. Nada é tão urgente que não possa aguardar que eu vá ali, dê um trago e volte ao ofício.

Acho lindo. De uma poesia infinita.

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