quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Eu também vou reclamar

"Mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução".  Assim como no poema de Drummond, nada é tão fácil de ser solucionado. Digo isto porque em meio a crise hídrica - que já avançou da esfera paulista para âmbito nacional - e o já anunciado caos no fornecimento de eletricidade, o que mais ouvimos é reclamação. Todos querem solução.

O Alckmin já figura uma marchinha de carnaval - cá entre nós - muito bem bolada. E a Dilma - não a bolada - já é culpada de tudo antes mesmo de ser reeleita. E aqui não faço defesa, nem de um, nem de outra. O fato é que já estamos no pandemônio da reclamação. A água e a luz, que figuravam a marchinha dos anos 50 já estão faltando por aí, é verdade.Mas, cá entre, nós, já sabíamos da escassez dos reservatórios há algum tempo. Talvez pouco mais de um ano. E também não vimos chuva cair. é uma equação simples, não é necessário ser um gênio da física ou da matemática. Se não chove, logo não temos água.

E é aí que entra o sentimento de que "alguém tinha que fazer por mim". Todo mundo sabia do risco de ficarmos sem água, alguns foram visionários e criaram recursos de captação de água para reuso. Outros preferem dizer que o governo é que é criminoso. Ele não deixa dizer, nem fica isento da responsabilidade que lhe cabia de racionar os recursos hídrico e elétrico, nem de massificar a propaganda sobre a necessidade de economizá-los. Também demos azar desses recursos calharem de estarem próximos da escassez justo em período eleitoral - tanto na esfera estadual, quanto federal. Sabemos de tudo isso.

Mas também sabemos que confiar a nossa sorte - sim, porque como viveremos sem água? - a políticos em época de eleição não é criminoso, mas leviano. Não podemos creditar toda a nossa má sorte aos maus gestores. Diariamente recebemos conteúdo de toda a parte dos estados do Rio e de SP com pessoas denunciando vazamentos, denunciando seus vizinhos por lavarem calçadas, por gastarem um recurso escasso lavando o carro. Mas há um ano ninguém fazia isso? Ninguém desperdiçava água ou será que nós é que fazíamos vista grossa à espera de que o governo cuidasse de nós, de nossa água e quem quisesse desperdiçar tudo bem?

É muito fácil não nos responsabilizarmos por uma questão que nos diz respeito e muito. Não podemos agora dizer que não sabíamos e que só o governo é que tem culpa. Nós também somos responsáveis não só pelo desleixo com o mundo - que está sem água não por uma vontade divina, mas porque nós o maltratamos muito nos últimos anos - mas com a escassez de um recurso que vimos ser desperdiçado debaixo dos nossos olhos o tempo todos e o negligenciamos achando que alguém ia cuidar dele por nós.

E fim de papo!

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